ESTUDOS SOBRE COMORBIDADES DE VIAS AÉREAS SUPERIORES EM ASSOCIAÇÃO À ASMA GRAVE - Tese de Doutorado 2024.1
Introdução: A asma grave é uma doença heterogênea complexa, que pode ser complicada por diversas comorbidades, principalmente as relacionadas às vias aéreas superiores, como a rinossinusite crônica e rinite alérgica, que desempenham um papel-chave no manejo desses pacientes, considerando o conceito de ‘via aérea unificada”. O objetivo deste estudo foi avaliar as comorbidades de vias aéreas superiores (VAS) em pacientes da coorte do ProAR e sua associação ao controle da asma. Métodos: Avaliação dos dados da primeira visita da coorte, entre os anos de 2013 e 2015, do perfil de sensibilização aeroalérgica; e avaliação de uma amostra de pacientes na segunda visita da coorte, entre março⁄2018 e fevereiro⁄2020, de comorbidades de VAS. Em ambos estudos foram realizados avaliação clínica, laboratorial e exames complementares da asma. No estudo realizado entre 2018 e 2020 foi acrescentada a avaliação otorrinolaringológica, questionários para avaliação de RSC e outras comorbidades de VAS, além do exame de videonasofaringolaringoscopia. Resultados: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura para identificar as principais comorbidades de VAS associadas à asma e seu controle, bem como a sistematização de uma avaliação otorrinolaringológica dessas comorbidades em pacientes asmáticos. As principais foram: Rinite Alérgica, RSC, DREA, DRGE, DCV e SAHOS; a sistematização foi exposta através de casos clínicos e questões de múltipla escolha. Os resultados do estudo da primeira visita da coorte envolveram 1066 participantes, com maior prevalência de sensibilização aeroalérgica nos indivíduos com asma, em comparação aqueles somente com rinite crônica (70,4% vs 47%, p=0.000), alta sensibilização a ácaros, baratas, pelo de animais, gramíneas e fungos na presença de asma, sendo esta também associada a polissensibilização, além de perfil de sensibilização diferente ao observado nos indivíduos somente com rinite crônica. No estudo referente à segunda visita da coorte, foram avaliados 428 pacientes com asma, 76.2% daqueles com asma leve apresentaram RSC, e 60.8% na asma moderada a grave. O diagnóstico de RSC, independente da gravidade da asma, foi associado a mau controle da asma (GINA e ACQ-6), exacerbação da asma e pior qualidade de vida em asma em mais de 50% desses pacientes; sintomas de DRGE e sonolência diurna também apresentaram alta prevalência na presença de RSC. Polipose nasal mostrou-se marcador de asma moderada a grave, e o diagnóstico de DREA foi exclusivo a esse grupo. Conclusões: As comorbidades de VAS são comuns em pacientes com asma, independentemente de sua gravidade. A sensibilização aeroalérgica difere da rinite crônica isolada em comparação à sua associação à asma, endossando a hipótese de a rinite alérgica apresentar um fenótipo diferente quando em associação à asma. A RSC também está comumente associada à asma, contribuindo para seu mau controle. A investigação e tratamento adequados das comorbidades de VAS em pacientes asmáticos está recomendada, principalmente naqueles em que há controle parcial ou não controle da asma, e uma avaliação sistematizada dessas comorbidades facilita a trajetória dos cuidados clínicos desses pacientes.