PREDITORES DA RESPOSTA AO TRATAMENTO EM PACIENTES COM URTICÁRIA CRÔNICA
Introdução: A urticária crônica (UC) é uma condição caracterizada pelo aparecimento recorrente de urticas e/ou angioedema por mais de seis semanas, sendo classificada em espontânea ou induzida e impactando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento consiste no uso inicial de anti-histamínicos H1, podendo chegar em até quatro vezes a dose de bula, de acordo com resposta clínica e, aos que não respondem, a associação com anticorpo monoclonal anti-IgE (omalizumabe). Na ausência de resposta com anti-IgE, a ciclosporina deve ser utilizada. Este estudo teve como objetivo analisar os marcadores preditivos da resposta ao tratamento em pacientes com UC, avaliando características clínicas e laboratoriais. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado com 175 pacientes diagnosticados com UC, atendidos no Ambulatório de Urticária do UCARE do Complexo Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES/UFBA). Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e laboratoriais dos prontuários, incluindo idade, sexo, IMC, diagnóstico da UC e presença de angioedema. A resposta ao tratamento foi avaliada pelo Urticaria Control Test (UCT), considerando resposta satisfatória escore ≥12. Foram comparadas as respostas terapêuticas entre as diferentes etapas de tratamento e investigados potenciais preditores clínico-laboratoriais associados à refratariedade. Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo feminino (80,6%), com idade média de 45,3 anos e tempo médio de doença de 11,9 anos. A urticária crônica espontânea (UCE) foi predominante (86,3%) e 30,9% dos pacientes apresentavam UCE combinada com formas induzidas. Um maior IMC, início mais precoce e maior duração da UC e a presença de transtornos psiquiátricos foram significativamente associadas a uma resposta inferior aos anti-histamínicos H1. Pacientes respondedores aos anti-histamínicos H1 apresentaram menor duração de doença e menor proporção de mulheres em comparação aos pacientes que necessitaram de tratamento com omalizumabe. Nos pacientes em uso de omalizumabe, as desordens mentais continuaram a ser um fator preditivo significativo para refratariedade. Todos os pacientes com resposta parcial ao omalizumabe apresentaram IgE total <40 UI/mL, embora essa associação não tenha sido observada nos não respondedores. A definição de pontos de corte para valores de eosinófilos sanguíneos e IgE sérica total, para determinação da resposta terapêutica, apresentou baixo desempenho preditivo. Além disso, os exames laboratoriais avaliados (VHS, PCR, D-dímero, Anti-TPO e eosinófilos) não demonstraram associação significativa com a resposta ao tratamento. Não houve diferença estatística na resposta terapêutica entre pacientes com UCE e urticária crônica induzida. Conclusão: O estudo sugere que um maior IMC, o sexo feminino, idade de início dos sintomas mais precoce, duração prolongada da UC e a presença de desordens mentais podem representar preditores a uma resposta terapêutica inferior nos pacientes com urticária crônica. Entretanto, os exames laboratoriais avaliados não demonstraram associação estatisticamente significativa na predição da resposta ao tratamento.