AVALIAÇÃO CLÍNICA E IMUNOLÓGICA DE INDIVÍDUOS COM INFECÇÃO SUBCLÍNICA POR LEISHMANIA BRAZILIENSIS APÓS 13 ANOS DE ACOMPANHAMENTO.
Introdução: A leishmaniose cutânea (LC), causada por Leishmania braziliensis, manifesta-se com resposta inflamatória intensa e formação de úlcera cutânea. Em áreas endêmicas, indivíduos expostos podem desenvolver infecção subclínica (SC), controlando o parasita sem apresentar sintomas. Compreender os mecanismos imunológicos envolvidos na proteção desses individuos é essencial para aprimorar estratégias de diagnóstico e prevenção da LC. Objetivos: Avaliar, após 13 anos, a resposta clínica e imunológica de contatos familiares de pacientes com LC previamente identificados como subclinicos, comparando-os a pacientes com LC ativa, normais endêmicos (NE) e controles sadios (CS). Procurou-se identificar marcadores imunológicos associados à proteção nesses indivíduos. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de coorte prospectivo realizado em Corte de Pedra-BA, com 308 contatos familiares seguidos desde 2010. Foi realizada a dosagem de IFN-γ, TNF, IL-1β, IL-6, IL-17 e Granzima B em culturas de sangue total estimuladas com antígeno solúvel de Leishmania de 18 SC, 15 NE e 8 CS. A dosagem de citocinas e a detecção de anticorpo foram realizadas através da técnica imunoenzimática (ELISA). A análise estatística incluiu testes de Kruskal-Wallis, Mann-Whitney e correlação de Spearman. Resultados: Durante o seguimento, 57 indivíduos desenvolveram LC. Os 18 indivíduos SC avaliados mantiveram produção de IFN-γ após 13 anos, embora em níveis inferiores aos observados nos pacientes com LC. A produção de TNF, IL-1β, IL-6 e Granzima B também foi menor nos SC em comparação com LC, mas superior aos NE e CS. Não houve correlação direta entre DTH e IFN-γ, mas 77,8% dos DTH positivos apresentaram IFN-γ detectável. Conclusão: Indivíduos SC apresentaram uma menor resposta inflamatória que pode contribuir para não desenvolvimento da doença. Embora não haja uma correlação linear entre DTH (+) e a produção de IFN-γ, a análise de frequência revelou uma associação significativa entre essas variáveis. Isso indica que o IFN-γ é frequentemente produzido em indivíduos com DTH positivo, mas que sua produção também pode ocorrer independentemente da resposta DTH em alguns casos.