Avaliação do papel do polimorfismo de cepas de Leishmania (V.) braziliensis sobre a refratariedade ao tratamento com antimonial pentavalente - Dissertação de Mestrado 2013

Português, Brasil

Introdução: A primeira linha de tratamento da leishmaniose tegumentar americana (LTA) é baseada nos derivados do antimonial. A refratariedade ao antimônio é frequente entre os pacientes com LTA. Leishmania (Viannia) braziliensis é a principal causa de LTA no Brasil. A L. (V.) braziliensis causa três formas de leishmaniose na Bahia: leishmaniose cutânea localizada (LC), a mais comum com pequenas lesões auto curáveis até as formas mais grave e de difícil tratamento, a leishmaniose mucosa (LM), e a leishmaniose disseminada (LD). Métodos e Resultados: Neste estudo, foram incluídos 91 casos de LTA (67 LC, 7 LM e 17 LD) de uma região endêmica para L. (V.) braziliensis, chamada Corte de Pedra (CP), no estado da Bahia/Brasil, e os quais apresentaram culturas de parasítos positivas. Foram avaliados: (1) associação entre o genótipo de L.(V) braziliensis e a resposta dos pacientes ao antimoniato de meglumina (Glucantime®); (2) a distribuição geográfica dos pacientes refratários ao glucantime dentro da região afetada; e (3) a resistência da L. (V.) braziliensis ao Glucantime® in vitro. Os parasitas foram genotipados com base no sequenciamento de um único locus polimórfico (que começa na posição 3074 do cromossomo 24) desta população de L. (V.) braziliensis. Para a avaliação da distribuição geográfica dos casos responsivos e refratários, as coordenadas geográficas dos locais de moradia dos pacientes foram adquiridas por GPS e comparados usando o teste de Cusick and Edwards. As coordenadas dos locais de moradia dos pacientes foram plotadas em uma foto de satélite da região para inspeção visual, usando o sistema de informação geográfica (SIG). Foi encontrado que a refratariedade é amplamente distribuída na região, quase que uniformemente, contudo não foi possível detectar associações entre os genótipos dos parasitos e a resposta ao tratamento. A sensibilidade ao antimônio foi avaliada expondo as formas promastigotas da L.(V) braziliensis a concentrações crescentes do antimoniato de meglumina (Glucantime®) in vitro. Os parasitos de pacientes com LM e LD foram significantemente mais resistentes ao antimonial do que aqueles isolados dos casos de LC. Assim, a resistência ao antimônio observada in vitro está de acordo com o que tem sido observado em campo, onde os pacientes com LM e LD tendem a ter uma resposta menor ao tratamento com Glucantime® do que os indivíduos com LC. Embora não tenha sido encontrada associação entre as cepas parasitárias e a resposta ao tratamento nestes pacientes com LTA, na genotipagem dos isolados foi usado um único locus, o qual certamente limitou o poder discriminatório da técnica. Conclusão: Nos estudos futuros, estas associações devem ser repetidas aplicando mais loci polimórficos na genotipagem dos isolados de L. (V.) braziliensis de Corte de Pedra.

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
L.(V.) braziliensis, resistência, refratariedade, antimonial
Banca examinadora: 
Paulo Roberto Lima Machado, Jussamara Brito Santos, Marcelo Távora Mira
Ano de publicação: 
2013