Avaliação dos mecanismos envolvidos na morte da Leishmania braziliensis por monócitos de pacientes com Leishmaniose Tegumentar Americana - Dissertação de Mestrado 2013

Português, Brasil

Introdução: Na leishmaniose tegumentar causada por Leishmania braziliensis a patogênese está associada a uma resposta Th1 exagerada e não apropriadamente modulada e existem várias evidências que essa resposta participa do desenvolvimento das lesões cutâneas observadas nessa doença. Cerca de 10% dos indivíduos residentes em uma área de transmissão de L. braziliensis, a despeito da exposição a esse parasito, não apresentam evidências de doença clínica e são considerados como tendo a forma subclínica da doença. Como a resposta imune adaptativa parece não estar envolvida na erradicação do parasito ou no controle da infecção, estudos sobre o papel das células da resposta imune inata no controle da infecção por L. braziliensis têm se mostrado de grande importância. Os monócitos/macrófagos são as principais células que abrigam a Leishmania e a sua ativação depende principalmente da produção de IFN-y por células T e NK, dando início a vários processos celulares como a geração de burst oxidativo. Dois grupos de oxidantes são importantes no controle da infecção por Leishmania, os Reativos de Oxigênio (ROS) e o Óxido Nítrico (NO), que são produzidos em resposta à fagocitose e após a ativação dessas células, respectivamente. Em modelo murino observa-se um importante papel do NO na morte da Leishmania pelos macrófagos, entretanto os mecanismos utilizados por estas células em humanos ainda não são bem estabelecidos. Objetivo: Avaliar o papel do NO e do ROS no controle da infecção por L. braziliensis por monócitos de pacientes com Leishmaniose Cutânea (LC) e de indivíduos subclínicos (SC). Métodos: Monócitos de pacientes com LC (n=25) e de indivíduos subclínicos (n=09) foram infectados com L. braziliensis na proporção de 5:1 por diferentes períodos de tempo. A avaliação da produção dos radicais oxidativos, através da técnica de citometria de fluxo foi realizada pela oxidação da Dihidrorodamina 123 (DHR-123), após a inibição da produção de NO (LNMMA, inibidor da enzima óxido nítrico sintetase) e após a inibição da produção de ROS (DPI, inibidor da enzima NADPH-oxidase). A produção intracelular do NO e do ROS foi determinada com o uso de sondas intracelulares específicas (DAF FM diacetato e o CMH-2DCFDA) através da citometria de fluxo. Para avaliar os efeitos desses oxidantes no controle da infecção nos monócitos foi utilizada a técnica de microscopia óptica para avaliação do número de células infectadas e do número de amastigotas. Resultados: Após a infecção pela L. braziliensis a expressão do burst oxidativo por monócitos de pacientes com LC foi maior quando comparado com os indivíduos SC e controles sadios. Após a inibição da enzima NADPH oxidase, foi observado uma diminuição significativa da expressão do burst oxidativo por monócitos de pacientes LC sugerindo que haveria maior produção de ROS por essas células. A avaliação da produção intracelular desses oxidantes mostrou que a produção de ROS é maior que a produção de NO nos pacientes com LC. A produção de NO foi maior nos pacientes LC quando comparado com a produção por células dos indivíduos SC bem como a produção de ROS que também foi maior nos pacientes com LC, porém sem diferença estatística. A produção de NO apresentou uma correlação positiva com o tamanho das lesões dos pacientes com LC. Após 72 horas de infecção houve diminuição significativa no número de células infectadas e na carga parasitária nas culturas de células que tiveram a NADPH oxidase inibida. Esses resultados foram associados com a viabilidade das promastigotas no mesmo período de tempo e nas mesmas condições. Conclusões: Esses resultados sugerem que a produção de ROS e não de NO parece ser importante no controle da infecção por L. braziliensis por monócitos de pacientes com LC. Adicionalmente, a produção dessa molécula parece estar mais associada ao desenvolvimento da lesão nesses pacientes. Em relação aos indivíduos subclínicos não existe indicação que essas moléculas estejam envolvidas no controle da infecção

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
Leishmania braziliensis; Leishmaniose Cutânea; óxido nítrico; Espécies reativas de oxigênio
Banca examinadora: 
Nicolaus Albert Borges Schriefer, Washington Luis Conrado dos Santos, Ricardo Gonçalves
Ano de publicação: 
2013