Características clínicas e epidemiológicas de crianças admitidas com febre em um serviço de emergência com ou sem sepse - Dissertação de Mestrado 2016

Português, Brasil
Introdução: sepse é definida como síndrome da resposta inflamatória sistêmica
associada à infecção, sendo a maior causa de óbito na faixa etária pediátrica. Febre é o
principal sintoma relacionado à infecção e a queixa mais comumente relatada em
emergências pediátricas. Estudos epidemiológicos sobre sepse pediátrica são escassos
em países em desenvolvimento, embora importantes para a compreensão da realidade
desta doença nessas regiões. Objetivo: descrever e comparar a frequência de agentes
etiológicos e topografia dos focos iniciais de infecção em pacientes com e sem sepse,
identificar fatores de risco e avaliar desfechos. Metodologia: estudo de coorte
retrospectiva. Prontuários médicos de pacientes admitidos com febre no Serviço de
Emergência Pediátrica da Universidade Federal da Bahia foram analisados, usando uma
base de dados informatizada. Dados clínicos e demográficos da admissão e evolução
foram registrados em formulários padronizados, sem conhecimento da classificação de
ter ou não sepse, dada pelos médicos assistentes. Um projeto paralelo de investigação de
pneumonias forneceu testes laboratoriais para investigação de etiologia de infecções
respiratórias. Os critérios de Goldstein e cols. de 2005 foram usados para classificar os
pacientes em “com” e “sem” sepse. Resultados: no total, dos 254 pacientes elegíveis,
120 (47%) tinham e 134 (53%) não tinham sepse. A mediana (IQR) de idade foi 1,7
anos (0,8-3,9 [mínimo19 dias, máximo 12,6 anos]) e 153 (60%) eram meninos.
Pacientes com sepse eram mais velhos (2,8 [1,1-1,3] vs. 1,3 [0.6-2.9] anos; p<0,0001) e
tiveram doença falciforme mais frequentemente (7,6% vs. 0.8%; p=0.007). Através de
regressão logística múltipla, idade (OR[95%IC]: 1,2 [1,1-1,3]) e doença falciforme
(OR[95%IC]: 8,8 [1,1-71,2]) foram independentemente associados a sepse. Os focos mais
frequentes foram pneumonia (46%), diarreia (20%) e celulite/adenite (13%). A
frequência desses focos não diferiu quando pacientes com e sem sepse foram
comparados. Etiologia foi estabelecida em 57 (22,4%) pacientes, 32 (26,7%) e 25
(18,7%) com e sem sepse respectivamente (p=0.1). Infecção por Staphylococus aureus
foi detectada em 4 (3,3%) dos pacientes com sepse, enquanto nenhum (0%) dos
pacientes sem sepse teve essa infecção (p=0,049). Quatro (3,4%) pacientes morreram no
grupo com sepse, enquanto nenhum morreu no outro subgrupo (p=0,048). Conclusão:
crianças com sepse apresentaram diferenças em idade, comorbidade (doença falciforme)
e frequência de infecção por S. aureus e tiveram maior probabilidade de morrer.
Palavras-chave: 
1. Sepse; 2. Crianças; 3. Serviço de Emergência; 4. Desfecho; 5. Fator de Risco.
Banca examinadora: 
Profa. Dra. Teresa Cristina Martins Vicente Robazzi, Profa. Dra. Ceuci de Lima Xavier Nunes, Prof. Dr. Marco Aurélio Palazzi Sáfadi
Ano de publicação: 
2016