Caracterização da Resposta Imune de Familiares de Pacientes com Leishmaniose Cutânea Residentes em uma Área Endêmica de Transmissão de Leishmania braziliensis - Dissertação de Mestrado 2012
Introdução: Do ponto de vista imunológico a leishmaniose cutânea (LC) é caracterizada pela produção exagerada de IFN-γ antígeno específica e teste de hipersensibilidade tardia positiva ao antígeno do parasito (Reação de Montenegro). Este teste é utilizado para o diagnóstico da doença e também para a determinação de exposição a antígenos do parasito, mesmo na ausência da doença. Cerca de 10% dos indivíduos sadios residentes em área de transmissão de L. braziliensis respondem a Reação de Montenegro (RM), mesmo sem apresentar manifestações clínicas da doença. Objetivo: Identificar em familiares de pacientes com leishmaniose cutânea sem sinais da doença ativa ou pregressa, evidência de exposição à L. braziliensis e avaliar a resposta imune nesses indivíduos. Materiais e Métodos: Este estudo incluiu 308 contatos domiciliares de pacientes com LC moradores em uma área endêmica de transmissão de L. braziliensis na Bahia, Brasil. Foi avaliada produção de IFN- antígeno específica em sangue total através da técnica de ELISA e em seguida foi realizado a RM. A evidência de resposta imune foi baseada na RM positiva e/ou produção in vitro de IFN- em culturas estimuladas com antígeno de leishmania. Foi avaliada também a produção de CXCL9, CXCL10 e CCL2 através da técnica de ELISA. Resultados: A evidência de resposta imune foi observada em 54 (17,5%) dos 308 indivíduos avaliados. Especificamente 36 (11,6%) familiares tiveram a RM positiva e 40 (12,9%) produziram IFN-. Todavia, dos 36 indivíduos com RM positiva, a produção de IFN- somente foi observada em 22(61,1%) e em 40 familiares produtores de IFN-y 22 (55%) tiveram a RM positiva. A despeito de haver correlação entre a RM e a produção de IFN- (p < 0,0001), uma concordância moderada entre a produção de IFN- e a RM (қ = 0,49) foi observada. Indivíduos com evidência de resposta imune produziram mais CXCL9, CXCL10 e CCL2 que indivíduos sem evidência de resposta imune. Além disso, uma correlação direta entre a produção de IFN-γ e o diâmetro da RM e a produção de quimiocinas foi observada. Apesar de a RM ser considerada um marcador de infecção por L. braziliensis, uma elevada porcentagem de indivíduos com reação negativa produziu quimiocinas e IFN-. Conclusão: Mais de um teste imunológico precisa ser utilizado para identificação de exposição à L. braziliensis. Em adição a RM a avaliação da produção de IFN- deve ser realizada. Adicionalmente, determinação de quimiocinas pode ser usada como marcador de exposição a L. braziliensis.