Papel da infecção pelo vírus linfotrópico humano de células T do tipo 1 (HTLV-1) na Hanseníase - Dissertação de Mestrado 2014
Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, microrganismo que afeta principalmente a pele e nervos periféricos. As reações hansênicas são episódios de agudização da resposta inflamatória que podem ocorrer ao longo do curso da doença, aumentando a probabilidade de sequelas neurológicas e cicatrizes. Infecções da cavidade oral, respiratórias e virais tem sido associadas com um maior número de surtos reacionais. A infecção por HTLV-1 promove uma desregulação da resposta inflamatória, com produção de citocinas principalmente de perfil Th1, o que poderia modificar o curso da hanseníase em pacientes coinfectados. Objetivos: Descrever a evolução clínica e o perfil dos pacientes com hanseníase coinfectados pelo HTLV-1 com relação a gênero, idade, formas clínicas, reações hansênicas e neuropatia. Metodologia: Estudo de coorte com acompanhamento de 263 pacientes com diagnóstico de hanseníase. Foi realizada sorologia para HTLV-1 por ELISA e os casos positivos, confirmados por Western Blot. Variáveis como idade, gênero, forma clínica, baciloscopia, presença e tipo de surto reacional e presença de neuropatia foram avaliadas e comparadas entre o grupo coinfectado e o grupo HTLV-1 negativo. Resultados: Obtivemos uma prevalência de 2,3% (6/263) de infecção por HTLV-1 na amostra estudada, taxa acima da descrita na população de Salvador. O sexo feminino apresentou maior risco de coinfecção (p=0,04). Não houve diferença com relação a formas clínicas, baciloscopia ou episódios reacionais entre os grupos. Entre os pacientes coinfectados, observou-se maior risco de neuropatia (RR=5,5; IC95%: 0,6 a 46,5). Conclusões: Embora a infecção por HTLV-1 não tenha influenciado nas formas clínicas da hanseníase ou na apresentação de surtos reacionais, houve maior prevalência do vírus no gênero feminino, além de maior risco para o desenvolvimento de neuropatia e outras complicações entre os pacientes coinfectados, o que demandará atenção ainda maior ao exame neurológico e seguimento destes doentes.