EFICÁCIA DA MILTEFOSINA ASSOCIADA À TERMOTERAPIA, COMPARADA À MILTEFOSINA EM MONOTERAPIA OU AO USO DE ANTIMONIATO DE MEGLUMINA NO TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE CUTÂNEA: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO

Português, Brasil

Introdução: A leishmaniose, doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania, afeta 98 países e está entre as seis enfermidades mais relevantes devido ao seu potencial deformante, principalmente em regiões em desenvolvimento. O antimoniato de meglumina (AM), tratamento parenteral padrão desde os anos 1940, enfrenta desafios como toxicidade, resistência terapêutica e baixa adesão. Alternativas como a miltefosina (MF), droga de uso oral, e a termoterapia surgem como opções para ampliar acesso, aumentar a taxa de cura e reduzir efeitos adversos. Objetivo: Avaliar se a combinação de MF e termoterapia é não inferior à monoterapia com MF ou ao AM no tratamento da leishmaniose cutânea, analisando taxa de cura (D90 e D180), tempo de cicatrização, segurança e recidiva. Métodos: Ensaio clínico randomizado aberto e controlado com 27 pacientes (12-60 anos) diagnosticados com LC por detecção de DNA de L. braziliensis ou formas amastigotas no exame histopatológico, atendidos no Centro de Referência em Corte de Pedra, Bahia. Os grupos foram: G1 (AM: 20 mg/kg/dia, 20 dias); G2 (MF: 2,5 mg/kg/dia, 28 dias); G3 (MF: 2,5 mg/kg/dia, 21 dias + 1 sessão de termoterapia Thermomed® a 50°C). Resultados: As taxas de falha terapêutica nos grupos G1, G2 e G3 foram 43%, 30% e 20%, respectivamente. As taxas de cura no dia 90 (D90) foram 43% (G1), 70% (G2) e 80% (G3), enquanto no dia 180 (D180) atingiram 86% (G1), 90% (G2) e 80% (G3). O tempo médio de cicatrização foi 97 dias para G1, 90 dias para G2 e 76 dias para G3, com diferença estatisticamente significativa entre G3 e G1 (p = 0,04). Quanto aos efeitos colaterais, vômito (70% em G2 e 60% em G3), náusea (40% em G2 e 30% em G3) e diarreia (20% em ambos) foram observados nos grupos que utilizaram MF. No grupo G1, 57,1% dos pacientes relataram artralgia e 71,1% mialgia. Infecções secundárias ocorreram em 14,2% dos pacientes do G1 e 20% do G3. Conclusões: A combinação de MF e termoterapia demonstrou eficácia não inferior à MF e ao AM no tratamento da Leishmaniose Cutânea. O G3 apresentou taxas de cura mais altas e um tempo de cicatrização significantemente menor.

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
1. Leishmaniose cutânea; 2. Miltefosina; 3. Termoterapia; 4. Antimoniato de Meglumina.
Banca examinadora: 
Paulo Roberto Lima Machado (Presidente/orientador) Maria Olívia Amado Ramos Bacellar Fernanda Ventin Prates de Souza Luiz Henrique Santos Guimarães (Suplente)
Ano de publicação: 
2025