FAUNA FLEBOTOMÍNICA DO ESTADO DA BAHIA: INFECÇÃO NATURAL EM ÁREA ENDÊMICA DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR - Dissertação de Mestrado 2020

Português, Brasil

RESUMO: As leishmanioses são doenças infecciosas de significativa diversidade clínica e epidemiológica, com ampla distribuição geográfica no mundo. A Bahia é um dos estados brasileiros mais afetados pelas formas tegumentar e visceral. No presente trabalho, consolidamos informações secundárias de vários bancos de dados complementares para sobrepor os dados de distribuição geográfica das espécies de flebotomíneos identificadas em mapas de aspectos vegetacionais. Adicionalmente, foi realizada a caracterização prospectiva da fauna de flebotomíneos encontrados nas proximidades e nas residências de casos recém-diagnosticados de Leishmaniose Cutânea localizada (LC) e Leishmaniose Cutânea Disseminada (LD), na região de Corte de Pedra, sudeste da Bahia. Este estudo prospectivo pretende analisar as taxas de infecção natural das espécies de flebotomíneos por L. (V.) braziliensis nesses domicílios. Foram analisados 21.602 registros de ocorrência de flebotomíneos entre 1949-2016, abrangendo 85% dos municípios da Bahia, com 80 espécies de flebotomíneos identificadas distribuídas em 17 gêneros. Entre as espécies encontradas, 14 são vetoras comprovadas ou prováveis de Leishmania spp; e, três espécies são endêmicas. Lutzomyia longipalpis, Nyssomyia intermedia e Nyssomyia whitmani foram encontradas em 74%, 29% e 27% dos municípios, respectivamente. Salvador, principal cidade do estado com mais de 2,5 milhões de habitantes, apresentou registros de vinte espécies de flebotomíneos, incluindo vetoras das leishmanioses, além da ampla distribuição de Evandromyia sallesi. No estudo prospectivo, entre maio/2018 e julho/2019, foram capturados 619 exemplares de flebotomíneos: 273 machos (44%) e 346 fêmeas (56%), totalizando 20 espécies. A espécie Ny. whitmani foi a mais representativa, com 62,2%, seguido por Ny. intermedia (9,2%), Ev. bahiensis (6,3%), Trichophoromyia viannamartinsi (4,5%), as duas últimas endêmicas da Bahia. Foram enviadas 94% do total de fêmeas coletadas para a detecção de infecção natural por L. (V.) braziliensis, divididas em pools por mês, forma clínica, espécie e ecótopo de coleta. Dos 97 pools de flebotomíneos analisados, sete foram positivos para L. (V.) braziliensis: três para Ny. whitmani, dois de Th. viannamartinsi e, apenas um pool positivo para Psychodopygus davisi e Trichopygomyia longispina. A taxa mínima de infecção (TMI) global foi de 2,2% e, para as espécies mencionadas, 1,94%, 10%, 33% e 50%, respectivamente. Esses resultados abrem uma prerrogativa para trabalhos futuros de monitoramento entomológico e avaliação sazonal da infecção natural das diferentes espécies de flebotomíneos vetores da LTA pelas diferentes cepas de L. (V.) braziliensis que circulam na área endêmica de Corte de Pedra (BA).

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
1. Leishmanioses; 2. Flebotomíneos; 3. Bahia 4. Leishmania (Viannia) braziliensis.
Banca examinadora: 
Nicolaus Albert Borges Schriefer (Presidente/orientador) Artur Gomes Dias Lima Maria Olívia Amado Ramos Bacellar Adriano Figueiredo Monte Alegre ( Suplente)
Ano de publicação: 
2020