ASSOCIAÇÃO ENTRE O RISCO DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO E ÍNDICES DE VASORREATIVIDADE CEREBRAL EM PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL - Dissertação de Mestrado 2020
Introdução: A apneia obstrutiva do sono (AOS) está presente em 60 a 70% dos pacientes com acidente vascular cerebral (AVC). A vasorreatividade cerebral em pacientes com AVC e AOS ainda não foi bem estudada e pode identificar um novo mecanismo fisiopatológico com potencial intervenção terapêutica. Portanto, nosso objetivo foi investigar a reatividade cerebrovascular em pacientes com AVC com diferentes categorias de risco para AOS. Métodos: Estudo transversal de uma coorte de pacientes com acidente vascular encefálico, utilizando questionários clínicos (escore SOS e escore STOP-BANG) para avaliar o risco de AOS e Doppler transcraniano (DTC) para avaliar a vasorreatividade cerebral (breath-holding index - BHI e potencial evocado visual - PEV). Resultados: foram incluídos 99 pacientes, 77 (77,8%) com moderado a alto para AOS (escore STOP-BANG 3,36 ± 1,54, escore SOS 14,80 ± 7,12); 80 realizaram o DTC. A média do BHI foi de 0,52 ± 0,37; média de PEV 0,11 +/- 0,05, com 54 (69,2%) mostrando baixos níveis de vasorreatividade na circulação anterior (BHI <0,69) e 53 (74,6%) apresentando baixos níveis de vasorreatividade da circulação posterior (PEV ≤ 0,14). Houve correlação negativa significativa entre o risco de AOS calculado pelo STOP-BANG e o BHI (rs = -0,284, p = 0,012). A dislipidemia foi o principal fator de risco associado à vasorreatividade prejudicada e ao risco de AOS (p <0,05). Conclusão: Existe um alto risco de AOS e comprometimento da vasorreatividade na população que sofreu AVC. A dislipidemia e as categorias de risco de apneia do sono baseado no escore STOP-BANG foram fatores de risco independentemente associadas à alteração da vasorreatividade da circulação anterior, sugerindo que o a alteração na vasorreatividade pode contribuir como um mecanismo de acidente vascular cerebral em pacientes com apneia do sono.