FISIOTERAPIA PÉLVICA EM PACIENTES INFECTADOS PELO HTLV - 1 COM DISFUNÇÃO VÉSICO-URETRAL - Tese de Doutorado 2015
Embora o vírus linfotrópico das células T humanas do tipo 1 (HTLV-1) seja considerada de baixa morbidade, um grande número de pacientes apresentam sintomas urinários isolados. As queixas urinárias normalmente apresentam-se precocemente indicando que a bexiga neurogênica antecede o desenvolvimento das demais alterações neurológicas do HTLV-1, e são consideradas um dos maiores fatores de morbidade da doença. O tratamento da bexiga neurogênica depende do quadro clínico e dos achados urodinâmicos. A fisioterapia urológica tem se mostrado uma boa opção de tratamento com resultados satisfatórios nas para sintomas urinários, através da terapia comportamental, eletroestimulação e cinesioterapia, em disfunções miccionais de origem idiopáticas e neurogênica de outras doenças de base. A necessidade do acompanhamento multidisciplinar se torna fundamental quando são analisadas as consequências e sequelas trazidas pelo HTLV-1, visto que, na maioria das vezes os danos são permanentes. Objetivo: Avaliar a eficácia da fisioterapia pélvica em pacientes com disfunção do trato urinário inferior associado ao HTLV-1. Métodos: ensaio clínico aberto foi realizado com 21 pacientes atendidos na clínica de fisioterapia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, em Salvador, Bahia, Brasil. Foram utilizadas combinações de terapia comportamental, exercícios perineais e eletroestimulação intra-vaginal/anal. Os instrumentos de avaliação foram estudo urodinâmico, escore para sintomas de bexiga hiperativa, escore Oxford/ esquema PERFECT e questionário King’s Health para medir a qualidade de vida (QV). Resultados: A idade média dos pacientes foi de 54 ± 12 anos; 14 (67%) eram do sexo feminino. Após o tratamento, houve melhora clínica dos sintomas de urgência miccional, frequência urinária, incontinência urinária de urgência, noctúria e na sensação de esvaziamento incompleto (p <0,001). Houve também uma redução no escore do OABSS de 10 ± 4 para 6 ± 3 (p <0,001) e aumento na função da musculatura perineal (p <0,001). Os parâmetros urodinâmicos apresentaram redução na frequência de pacientes com hiperatividade do detrusor de 57,9% para 42,1%; dissinergia vésico-esfincteriana de 31,6% para 5,3%; hipocontratibilidade do detrusor de 15,8% para 0% e arreflexia do detrusor de 10,5% para 0%. Houve repercussões positivas sobre a qualidade de vida, na maioria dos domínios avaliados. Após um ano de acompanhamento a mediana para o reaparecimento das manifestações foi de 270 dias, IC 95% (180-365 dias), no entanto, o retorno dos sintomas urinários não repercutiu na piora da qualidade de vida dos pacientes, exceto para o domínio medidas de gravidade. Conclusão: A fisioterapia pélvica foi eficaz em casos de bexiga neurogênica associada ao HTLV-1 por reduzir os sintomas clínicos, melhorar a função muscular perineal com repercussão positiva sobre a qualidade de vida por até um ano de acompanhamento.