Introdução: A bexiga hiperativa (BH) é observada em cerca de 78% dos individuos infectados pelo HTLV-1com mielopatia associada e 59% dos indivíduos infectados sem deficiência motora. Os medicamentos anticolinérgicos são amplamente utilizados para tratar sintomas de BH, mas a frequência de eventos adversos, como constipação, boca seca, distúrbios visuais e mentais e até mesmo retenção urinária, não é negligenciada. É comum a ocorrência de síndrome seca e constipação em pessoas com HTLV o que limita a aderência à terapia anticolinérgica.

Objetivo: Avaliar a eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea parassacral (PTENS), em comparação à darifenacina, para a redução dos sintomas da BH em individuos infectados pelo HTLV-1.

Material e métodos: Este ensaio clínico randomizado de prova de conceito foi realizado no Ambulatório de HTLV-1 do Hospital Universitário. Os participantes foram 42 indivíduos HTLV-1 com sintomas de BH. O questionário de pontuação de sintomas de BH (OABSS) foi aplicado antes e depois do tratamento para avaliar cada grupo: Grupo 1 - recebeu Darifenacina e grupo 2 - tratado com PTENS. Sequências aleatórias e análises estatísticas foram geradas pelo pacote estatístico SPSS, versão 27 (IBM Inc).

Resultados: Não houve diferença entre os grupos quanto às características demográficas, socioeconômicas e clínicas. Houve redução da pontuação do OABSS, da frequência urinária diurna, noctúria e urgência em ambos os grupos. No entanto, 5 (23,8%) dos participantes do grupo tratado com darifenacina abandonaram a terapia, enquanto apenas 1 paciente (4,8%) interrompeu a PTENS (p<0.05).

Conclusões: Ambos os protocolos utilizados neste estudo foram eficazes no tratamento da síndrome BH, reduzindo o OABSS. Todavia, os eventos adversos e o abandono do tratamento foram mais frequentes para o grupo darifenacina em comparação com o grupo PTENS.