Estudo comparativo de cuidados na unidade intensiva neurológica e na unidade intensiva geral em pacientes com Avci - Dissertação de Mestrado 2012
Objetivo: Descrever os principais cuidados e desfechos de pacientes internados com acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) agudo, antes e após a implementação de uma unidade de cuidados intensivos neurológicos. Introdução: Acidente vascular cerebral é a principal causa de morbidade e mortalidade no Brasil. Unidades de AVC têm mostrado diminuição da mortalidade, institucionalização e incapacidade em relação ao tratamento em enfermarias. Nosso objetivo foi avaliar o impacto do tratamento de acidente vascular cerebral isquêmico administrado em uma unidade de tratamento intensivo neurológico (UTIN) comparado a uma unidade de terapia intensiva geral (UTI). Metodologia: Avaliamos retrospectivamente pacientes hospitalizados com diagnóstico de acidente vascular cerebral isquêmico dentro de 48 horas de início dos sintomas, comparando o ano anterior e o ano seguinte após a implementação de uma UTI neurológica em um hospital geral no Brasil. Dados demográficos, NIHSS, mecanismo do AVC, fatores de risco, tratamento administrado nas primeiras 24 horas após a admissão, bem como os desfechos de morte, incapacidade e readmissão em seis meses foram avaliados através de uma revisão de prontuarios. Resultados: Foram avaliados 214 pacientes UTIN e 37 pacientes na UTI. Houve predominio do genero feminino na UTI. A gravidade pela escala NIHSS foi semelhante entre os grupos, (7,6 vs. 8.2, respectivamente, P = NS). O tempo de porta-neurologista foi menor na UTIN 117,5 (±203) versus 657 minutos (±589) na UTI (p < 0,001). Uso de anti-hipertensivos (33,8% versus 59,3% p 0,003) foi mais frequente e o uso de antiplaquetários (78,4% versus 59,5% p 0,02) e heparina de baixo peso molecular (84,5% versus 70,3% p 0,03) foram menos frequentes na UTI. Não houve diferença significativa nas taxas de morte e incapacidade (Rankin > 2) ou tempo de internação. No entanto, as taxas de readmissão hospitalar foram significativamente menores após internação em UTIN (9,8% versus 35,1%, p = 0,001). A análise de regressão logística multivariada mostrou que o uso precoce de agentes antiplaquetários (OR 0,3 IC 95% 0,15-0,85 p=0,02) e o tempo de porta-neurologista inferior a 60 min (OR 0,1 IC 95% 0,03-0,34 p < 0,001) foram os principais determinantes de reinternação. Conclusões: UTIN é associado com o melhor atendimento na fase aguda do AVC como o menor tempo de porta-neurologista, menor uso de anti-hipertensivos e uso precoce de antiplaquetários e heparina de baixo peso molecular. Uso de antiplaquetários e o menor tempo de porta-neurologista foram associados com menor risco de reinternação em 6 meses.