Estudo de prevalência da estenose intracraniana em pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico: análise dos fatores predisponentes e das lesões associadas - Dissertação de Mestrado 2011
Objetivos: A investigação do acidente vascular isquêmico (AVCI) é comumente limitada às causas cardíacas e aos vasos extracranianos. O diagnóstico da estenose intracraniana (EI) pode ter implicações na terapêutica. Objetivamos determinar a prevalência da EI, detalhar lesões associadas e comparar preditores de estenose extracraniana (EE) e EI em pacientes com AVCI. Métodos: 94 pacientes foram triados, submetidos à avaliação clínica e à angiotomografia (angio-TC). Aqueles alérgicos a iodo e/ou com insuficiência renal foram excluídos. Características clínicas e demográficas foram analisadas e comparadas entre os portadores ou não de estenose, extra ou intracraniana. Realizamos análise de regressão logística multivariada, incluindo variáveis com uma possível (P<0.1) associação na análise univariada, com atenção aos preditores de EI e EE. Resultados: 64 pacientes foram estudados, a maioria da raça negra. A média de idade foi de 62 +/- 13 anos e cerca de 58% eram mulheres. Do total, 33% eram portadores de EI e 41% de EE; destes, ao considerarmos estenoses críticas (>70%), observamos 12,7 % com EI e 11,1% com EE. Foram preditores de qualquer grau de EI: idade, circunferência abdominal, hipertrigliceridemia, triglicérides, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e síndrome metabólica (SM); na análise multivariável, apenas a hipertrigliceridemia (>150mg/dL) permanece como preditor independente. As EIs críticas tiveram como preditores, nas análises uni e multivariável, a hipertrigliceridemia e doença coronariana. A hipertrigliceridemia foi o único preditor independente em comum, na análise multivariável, para EI crítica e de qualquer grau. Em relação à EE de qualquer grau, HAS, a raça branca e SM foram os preditores encontrados, todos eles independentes; na EE crítica, a raça branca foi preditor independente na análise uni e multivariada. Conclusão: A estenose intracraniana é uma condição comum em nosso meio, devendo ser considerada principalmente em pacientes com hipertrigliceridemia ou naqueles portadores de doença arterial coronariana. A raça branca foi preditora de EE crítica nessa amostra. A angio-TC é método útil e seguro na detecção de estenoses intra e extracranianas.