OBESIDADE E ASMA: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE UMA ASSOCIAÇÃO FREQUENTE. - Dissertação de Mestrado 2017
INTRODUÇÃO: A asma e a obesidade são doenças crônicas com prevalência elevada em todo mundo. Indivíduos obesos ou com excesso de peso tem um maior risco de ter asma, e ter asma mais grave. Há uma vasta literatura acerca dessa associação. Entretanto, os estudos que investigaram o problema têm resultados contraditórios. OBJETIVO: Avaliar a relação entre obesidade e características clínicas e laboratoriais de pacientes com asma. MÉTODOS: Estudo de corte transversal realizado no ProAR-Núcleo de Excelência em Asma da Universidade Federal da Bahia com pacientes asmáticos oriundos da atenção primária e secundária entre 2013 a 2015, totalizando em 925 pacientes. Foi utilizada a classificação de obesidade de acordo com o índice de massa corpórea (IMC) e obesidade abdominal pela mensuração da circunferência abdominal. Foram coletados parâmetros clínicos, laboratoriais, medidas antropométricas, função pulmonar e aplicados questionários para avaliar outros aspectos. RESULTADOS: Os indivíduos obesos quanto ao IMC apresentaram um número mais elevado de neutrófilos no sangue periférico que os não obesos (p=0,01). Entre os obesos, 61% apresentaram positividade no teste alérgico enquanto que nos grupos com sobrepeso, IMC normal e IMC abaixo, teste positivo foi encontrado em 69, 71 e 56% dos indivíduos de cada grupo, respectivamente. Os parâmetros espirométricos dos indivíduos obesos ou com sobrepeso foram mais baixos, enquanto 32% dos obesos apresentaram falta de controle da asma pelo questionário de controle da asma (ACQ ≥ 1,5), proporção maior do que a observada em pacientes com sobrepeso (24%), com peso normal (22%) ou IMC abaixo (20%). Quando classificados pela obesidade abdominal, os grupos mantiveram semelhante padrão nos parâmetros descritos. CONCLUSÃO: Pacientes asmáticos com obesidade associada tem pior controle da asma e função pulmonar mais baixa. A proporção de pacientes não atópicos entre asmáticos obesos é maior e eles apresentam um número mais elevado de neutrófilos no sangue periférico. Estas observações sugerem que entre indivíduos com asma, os obesos podem apresentar um padrão inflamatório neutrofílico e asma de difícil controle mais frequentemente que os não obesos.