PAPEL DA SALIVA DO LUTZOMYIA INTERMEDIA NO DESENVOLVIMENTO DA LEISHMANIOSE CUTÂNEA CAUSADA PELA INFECÇÃO POR LEISHMANIA BRAZILIENSIS - Tese de Doutorado

Português, Brasil

saliva dos flebotomíneos possui uma variedade de agentes farmacológicos tais como anticoagulantes, vasodilatadores além de moléculas imunomoduladoras e anti-inflamatórias. Diferente de outras interações parasito/vetor, a imunização de camundongos com a saliva de Lutzomyia intermedia, o principal vetor da Leishmania braziliensis no Brasil, exacerba a infecção por Leishmania. Em adição, pacientes com úlcera ativa apresentam altos títulos de anticorpos anti-saliva de Lu. intermedia quando comparados com indivíduos com a forma subclínica da infecção por L. braziliensis, sugerindo que a exposição à saliva desse flebótomo influencia o desfecho da infecção por L. braziliensis. Na primeira parte do presente estudo, caracterizamos a resposta imune contra as proteínas da saliva de Lu. intermedia, em residentes de área de transmissão de L. braziliensis. Participaram desse estudo 264 moradores de Corte de Pedra, Bahia, nos quais foi avaliada a resposta imune (humoral e celular) contra a saliva de Lu. intermedia. Anticorpos (IgG) anti-saliva foram encontrados em 150 (56.8%) indivíduos. Além disso, houve uma predominância das subclasses IgG1 e IgG4 no soro. Indivíduos com sorologia anti-saliva positiva apresentaram concentrações mais elevadas de IL-10, IL-13 e IFN-γ quando comparados aos controles, enquanto as concentrações de TNF foram similares nos dois grupos. Em adição, indivíduos com sorologia positiva também apresentaram concentrações mais elevadas de CXCL9 e CCL2. Adicionalmente, a principal fonte de IL-10 foi determinada como sendo as células T CD4+, incluindo suas subpopulações CD25+ e Foxp3+, e a neutralização de IL-10 em culturas in vitro foi capaz de reverter o aumento da carga parasitária em macrófagos, induzida pela saliva. Na segunda parte do trabalho, identificamos qual(is) proteína(s) presentes na saliva de Lu. intermedia poderia(m) agir como marcador de exposição, em residente em área endêmica. Para isso, nós produzimos as proteínas mais abundantes sob a forma recombinante e avaliamos a soroconversão de moradores de área endêmica. Encontramos uma forte correlação entre a presença de anticorpos contra a proteína LinB-13 e o IgG total anti-saliva. Avaliando uma coorte formada por contatos familiares de pacientes com doença ativa, confirmamos que a LinB-13 atua como marcador de exposição a saliva do Lu. intermedia. Além disso, mostramos uma dissociação entre a resposta humoral para LinB-13 e a presença de DTH para Leishmania. Por fim, mostramos que a presença de anticorpos anti-LinB-13 age como um fator de risco para o desenvolvimento da LC, confirmando nossos resultados anteriores. Concluímos que a exposição à saliva do Lu. intermedia modula a resposta imune de indivíduos expostos, facilitando a sobrevivência do parasita in vitro e aumentando o risco de desenvolver doença.

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
Lutzomyia intermedia, saliva, IL-10, risco relativo, LinB-13, leishmaniose cutânea.
Banca examinadora: 
Profa. Dra. Camila Indiani Oliveira, Doutora em Ciências/USP – UFBA (Presidente/Orientadora); Prof. Dr. Álvaro A. Cruz - Doutor em Medicina e Saúde/UFBA - UFBA; Profa. Dra. Claudia Ida Brodskyn - Doutora em Imunologia – USP/ UFBA; Profa. Dra. Leda Quercia Vieira - Doutora em Bioquímica e Imunologia/UFMG - UFMG; Prof. Dr. Sergio Costa Oliveira - Doutor em Imunologia/University of Wisconsin - Madison, WISC, Estados Unidos – UFMG
Arquivo: 
Ano de publicação: 
2017