Urbanização de Endemias na Cidade de Salvador – Bahia: Paradoxos do Desenvolvimento e os Desafios para Saúde Pública - Tese de Doutorado 2013
O acelerado processo de urbanização do Brasil, nas últimas décadas, provocou o inchaço das cidades e uma ocupação desordenada do seu espaço, o que trouxe, dentre outras consequências, o agravamento de problemas de saúde. Essas enfermidades que se restringiam, até a década de 70 do século passado às áreas rurais, expandiram-se para as cidades, incluindo as de grande porte, pela força da migração campo-cidade e também pela conformação da sociedade brasileira com grandes disparidades socioeconômicas, levando esses migrantes a ocuparem locais insalubres e sem infraestrutura. O Estado da Bahia e sua capital, Salvador, não fugiram a regra do resto do país, e também passaram pelo fenômeno da urbanização, sendo que Salvador chega ao século XX como único grande centro urbano do Estado da Bahia. Esse modelo de ocupação do solo de Salvador, gerou um quadro sanitário complexo, dentre esses problemas destacamos as endemias. Esse Estudo ecológico, utilizou como unidade de análise os bairros e Distritos Sanitários de Salvador, através de metodologias diversas, para conhecer a distribuição de reservatórios e vetores de 3 endemias: Leishmaniose Visceral canina (LVC), Esquistossomose Mansônica (EM) e Doença de Chagas (DC). Os resultados demonstraram que dos 8.461 cães estudados, 4,0%, estavam sororeagentes para LVC, em relação ao vetor da LVC foram identificados 10 espécies de Flebotomíneos. Em relação à EM foram identificados 11 coleções hídricas com presença de Biomphalaria glabrata eliminando cercárias. Para Doença de Chagas foram encontrados triatomíneos da espécie Triatoma tibiamaculata, sendo que, dos 479 triatomíneos que puderam ser analisados 233 (48,6%) estavam contaminados com T.Cruzi. Conclui-se que existem reservatórios e vetores das endemias estudadas na cidade de Salvador, isso coloca a cidade em risco de: introdução de Leishsmaniose Visceral; risco de contaminação pelo S. mansoni; e risco de ocorrência de Doença de Chagas. Concluímos que é preciso encontrar caminhos que possam convergir: Epidemiologia Básica, Epidemiologia Social, Geografia Médica e modernas técnicas de análise, para o efetivo controle de endemias em centros urbanos.