Apneia do Sono e Disfagia Orofaríngea na Asma Grave - Tese de Doutorado - 2013
Introdução: Asma grave, tratada com corticosteroide, pode se associar a miopatia das vias aéreas superiores (VAS) e, consequentemente, a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), a qual também promoveria alterações na bainha muscular das VAS, relacionada com trauma local durante o sono. Essas alterações musculares seriam capazes de culminar com disfagia orofaríngea. Objetivo Geral: estudar associação entre SAOS e disfagia orofaríngea com a falta de controle da asma grave. Objetivos Específicos: estimar frequência da SAOS e disfagia orofaríngea em n crianças e adultos com asma grave. Material e Métodos: Estudo descritivo, comparando asma grave e grupo controle. Os participantes responderam questionários, realizaram exame otorrinolaringológico, avaliação endoscópica da deglutição, polissonografia e espirometria. Resultados: Adultos: SAOS foi diagnosticada em 34(43%) asmáticos graves e em 11(22%) do grupo controle (p=0,015). A frequência da SAOS foi maior na asma não controlada quando comparada com asma controlada (76,2% vs 31,0%; p<0,001; RP: 2,5 IC95%: 1,6–3,9). Observou-se correlação inversa entre índice de apneia e hipopneia e escore do Asthma Control Test (rS: - 0,224; p=0,048). A frequência da aspiração silenciosa foi maior entre asmáticos graves não controlados quando comparados com controlados (9,5% vs 5,2%; p=0,043). Crianças: SAOS foi diagnosticada em 5 (29,4%) asmáticas graves e em 6 (20%) do grupo controle (p=0,276). A frequência da SAOS foi maior no grupo com asma não controlada quando comparada àquele com asma controlada (29,4% vs 38,5%; p=0,602). Observou-se associação entre episódios de exacerbação da asma e apneia obstrutiva do sono: 5 (4-10) vs 2 (0-4); p=0,019. A frequência da disfagia orofaríngea foi maior na asma grave do que grupo controle: estase para líquido (15,4% vs 0%; p=0,037) e pastoso (34,6% vs 3,8%; p=0,005), respectivamente. Conclusão: Este estudo mostrou elevada frequência da SAOS na asma grave; associação positiva entre SAOS e dificuldade em controlar a asma; aqueles com SAOS têm probabilidade 2,5 vezes maior de apresentar asma não controlada quando comparados àqueles sem SAOS. Crianças com asma grave e SAOS apresentaram maior número de exacerbações da asma do que crianças asmáticas sem SAOS. A frequência da aspiração silenciosa foi maior entre asmáticos graves adultos não controlados quando comparados com controlados.