ASSOCIAÇÃO ENTRE GRAVIDADE DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO E ÍNDICE DE VASORREATIVIDADE CEREBRAL EM PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ESTUDO OBSERVACIONAL TRANSVERSAL
Português, Brasil
A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é uma condição comum entre pessoas que sofreram
eventos cardiovasculares e cerebrovasculares, já comprovado por inúmeros estudos nacionais
e internacionais e é sendo considerada um fator de risco independente para o Aciden te
Vascular Cerebral (AVC). Apesar de inúmeros diversos autores já defenderem essa associação,
a compreensão e documentação científica dessa relação fisiopatológica ainda está em
construção. O Doppler t doppler transcraniano é um método não invasivo de ava liação
do fluxo sanguíneo cerebral e suas possíveis alterações. O BHI ( breath holding index ) é um
método de avaliação da vasorreatividade cerebral, compreendida como resposta dos vasos
sanguíneos cerebrais às alterações na pressão parcial de CO2 (gás carbônico) e O2 (oxigênio),
através do dopplerDoppler transcraniano. A vasorreatividade cerebral é considerada uma
adaptação às alterações metabólicas dos vasos cerebrais e seu prejuízo é um marcador de risco
para o AVC. Alguns estudos documentaram alteração da vasorreatividade cerebral em
pacientes com risco aumentado de AOS ou com AOS confirmada po r polissonografia, na
população em geral. A vasorreatividade cerebral em pacientes com AVC e AOS confirmada
por polissonografia ainda não foi estudada e pode contribuir para melhor compreensão da
fisiopatologia da doença cerebrovascular na população com AO S e para melhor estratificação
do risco cerebrovascular desses pacientes, permitindo planejamento de possíveis intervenções
terapêuticas. Nesse contexto, este estudo transversal, desenvolvido na unidade SARAH
Salvador teve como objetivo identificar possíve l associação entre vasorreatividade cerebral
mensurada pelo BHI durante realização de dopplerDoppler transcraniano e a gravidade da
AOS mensurada pelo IAH (Índice de Apneia e Hipopneia) registrado na monitorização tipo
2 do sono (polissonografia port átil). Foi estudado um grupo de 83 pacientes com o
diagnóstico confirmado de AVC (caracterizado como déficit neurológico focal agudo, com
duração maior de 24h, associado a alteração consistente em tomografia ou ressonância de
encéfalo)encéfalo); com idade maior de 18 anos; com IAH aumentado (>5/h) em exame de
monitorização tipo 2 do sono; submetidos à avaliação da vasorreatividade cerebral pelo
dopplerDoppler transcraniano, através do BHI; que concordaram em participar do estudo
através do Termo de Consentimento Liv re Esclarecido (TCLE). A idade média dos pacientes estudados foi 60,2 anos, sendo 62 (74,7%) pacientes do sexo masculino. 48 (57,8%) pacientes
tinham AOS de intensidade leve a moderada (IAH<30/h) e 38 (45,8%) tinham alteração da
vasorreatividade cerebral ( BHI< 0,69). Foi observada uma correlação negativa entre o índice
de vasorreatividade cerebral e a gravidade da AOS especificamente durante o sono NREM
não REM (NREM):):: sem movimentos oculares rápidos (correlação de Spearman = 0,23,
p=0,036). Na regre ssão linear ajustada para idade e sexo, no entanto, essa associação não se
manteve (efeito = 0,01; IC 95% = 0,01 a 0,002, p=0,134). No presente estudo, portanto, a
alteração da vasorreatividade cerebral esteve associada à gravidade da AOS especificamente
durante o sono não REM. Estudos anteriores com população sem histórico AVC que
encontraram a gravidade da AOS como um preditor de comprometimento da vasorreatividade
cerebral envolveram pacientes com maior gravidade de apneia (IAH médio entre 70 e 80
even tos por hora), em comparação com pacientes em nossa amostra (IAH médio de 30,09
eventos por hora). Estudos futuros, envolvendo pacientes com maior gravidade de apneia, são
necessários para documentar a correlação entre vasorreatividade cerebral e gravidade da AOS
em pacientes com AVC, além de caracterizar melhor as diferenças de impacto da gravidade da
AOS na vasorreatividade cerebral durante as diferentes fases do sono.
Discente Autor:
Docente Orientador:
Palavras-chave:
Resposta hemodinâmica cortical. Circulação cerebrovascular. Apneia obstru tiva do sono. Acidente vascular cerebral. DopplerDoppler transcraniano. Polissonografia.
Banca examinadora:
Jamary Oliveira Filho (Presidente/orientador)
Carolina Cincurá Barreto
Bruno Bacellar Pedreira
Thiago Cardoso Vale (Suplente)
Arquivo:
Ano de publicação:
2025