Associação Entre A Produção De Biomarcadores Solúveis e o Desfecho Sintomático Na Hanseníase - Tese De Doutorado 2017

Português, Brasil
INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença causada pelo Mycobacterium leprae cujos portadores podem apresentar deficiências físicas, deformidades e morbidades, principalmente nos episódios reacionais. Biomarcadores solúveis já estudados em outras condições patológicas adicionalmente à avaliação de parâmetros para definir o grau de incapacidade funcional podem ser importantes na correlação entre alterações na função do indivíduo nas diversas formas clínicas ante a infecção pelo M. Leprae. OBJETIVO: Avaliar níveis de S100B, sCD14 e sCD163 no plasma de pacientes com e sem reação hansênica e realizar um acompanhamento dos pacientes avaliados para desfecho sintomático, desenvolvimento de quadros reacionais e alta assintomática. DESENHO DO ESTUDO: Coorte retrospectiva. MATERIAL E MÉTODOS: Foram selecionadas 60 amostras advindas de um banco de plasma do Hospital Universitário Professor Edgard Santos para dosar, pelo método de ELISA, três marcadores de lesão neural e ativação de monócitos/macrófagos: S100B, sCD163 e sCD14. Na amostra analisada, foram incluídos 16 pacientes paucibacilares (PB), 19 pacientes multibacilares (MB) e 25 pacientes com reações hansênicas (reacionais), de acordo com o protocolo da OMS para o diagnóstico da hanseníase. RESULTADOS: Na avaliação do gênero, pôde-se observar uma associação com a forma clínica, tendo sido mais alta a frequência entre indivíduos do sexo feminino (68,8%) (p=0,042). A forma clínica reacional esteve associada à maior presença de sensibilidade alterada; 21 (95,5%) dos pacientes com a forma reacional apresentaram alteração de sensibilidade (p=0,001), 16 (66,7%) apresentaram neurite (p=0,001) e oito (36,4%), alterção de força muscular (p=0,023). Todos esses desfechos registraram uma frequência mais alta quando comparada com a de outras formas clínicas da hanseniase com diferença estatisticamente significativa. Níveis elevados de S100B se associaram à presença de manifestações neurológicas e os níveis de sCD14 e sCD163 foram mais baixos em pacientes com desfechos sintomáticos. DISCUSSAO: A avaliação neurológica simplificada que define os graus de incapacidade funcional apresenta limitações, porém é aceita mundialmente, sendo específica para as alterações pertinentes à hanseníase. Levando-se em consideração esse aspecto para a avaliação, o presente estudo mostrou que a forma clínica reacional apresentou maior alteração da sensibilidade e maior frequência de neurite e alteração da força muscular quando comparada com as das outras formas clínicas. Alguns biomarcadores têm sido descritos na literatura como associados à presença de dano neural e ativação de macrófagos/monócitos. Na amostra analisada, observaram-se níveis elevados de S100B associados à presença de manifestações neurológicas; no entanto, foram observados níveis mais baixos de sCD14 e sCD163 em pacientes com desfechos sintomáticos. CONCLUSÃO: A análise possibilitou identificar uma associação entre a forma clínica e sua influência na presença de desfecho sintomático. O biomarcador S100B é um preditor sensível para discriminar pacientes com hanseníase e indivíduos sadios, está associado à presença de sintomas neurológicos no momento da sua dosagem, porém, não se mostrou um bom preditor de risco para alta com desfecho sintomático.
Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
1.Hanseníase, 2.Biomarcadores e 3.Pessoas com deficiência. 4.CIF
Banca examinadora: 
Prof. Dr. Lucas Pedreira de Carvalho, Doutor em Patologia Humana/UFBA – UFBA (Presidente/orientador); Profa. Dra. Maria Luiza Veiga da Fonseca - Doutora em Medicina e Saúde Humana– EBMSP – EBMSP; Profa. Dra. Maíra Carvalho Macêdo - Doutora em Medicina e Saúde Humana– EBMSP/ Fundação de Neurologia e Neurocirurgia Instituto do Cérebro; Profa. Dra. Joyce Moura Oliveira - Doutora em Ciências da Saúde/UFBA – Faculdade Ruy Barbosa; Profa. Dra. Marília Lira da Silveira Coêlho - Doutora em Distúrbios do Desenvolvimento / Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) – UPM/SP
Ano de publicação: 
2017