COMPARAÇÃO DOS EFEITOS DO EXERGAMING, TREINO FUNCIONAL E BICICLETA ESTACIONÁRIA SOBRE OS ASPECTOS MULTIDIMENSIONAIS DA DOENÇA DE PARKINSON: UM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO Karen

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COMPARAÇÃO DOS EFEITOS DO EXERGAMING, TREINO FUNCIONAL E BICICLETA
ESTACIONÁRIA SOBRE OS ASPECTOS MULTIDIMENSIONAIS DA DOENÇA DE
PARKINSON: UM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO. Introdução: A Fisioterapia é
clinicamente recomendada no tratamento das desordens motoras e não motoras que contribuem
para o aumento do risco de quedas e piora da qualidade de vida em pacientes com doença de
Parkinson, entretanto não há um consenso sobre a intervenção mais adequada. Por se tratar de
uma desordem neurodegenerativa multifacetada, o tratamento deve contemplar seu aspecto
multidimensional. Objetivos: Analisar os efeitos do Exergaming, do Treino Funcional e da
Bicicleta Estacionária sobre o aspecto multidimensional (motor: quedas, balance e mobilidade
funcional; cognitivo: função executiva; e emocional: qualidade de vida) da doença de Parkinson.
O primeiro objetivo específico foi determinar os preditores de queda e qualidade de vida de
idosos com doença de Parkinson num período de seguimento de seis meses. O segundo foi
comparar os efeitos das três modalidades de exercício físico sobre o número de quedas e
proporção de caidores únicos e recorrentes de idosos com doença de Parkinson, considerando
um período de seis meses pré-tratamento e o seguimento de seis meses após o tratamento. E o
terceiro foi comparar os efeitos das três modalidades de exercício físico sobre o balance,
mobilidade funcional, função executiva e domínios de qualidade de vida de idosos com doença
de Parkinson. Desenho do estudo: Ensaio Clínico Randomizado, cego, longitudinal e prospectivo
(PROBE). Material e Métodos: Participaram do estudo 79 idosos (≥ 60 anos) com Doença de
Parkinson Idiopática (Hoehn&Yahr modificado 2, 2.5 ou 3) randomizados em três grupos: G1-
Treino Funcional (n=27), G2-Bicicleta Estacionária (n=27) e G3-Exergaming com XBOX360 e
sensor KinectTM (n=25). O desfecho queda foi avaliado por um diário de quedas e contato
telefônico de um avaliador cego durante um follow-up de seis meses. Os preditores de queda e
qualidade de vida (Euroqol-5D) foram determinados utilizando as regressões de Cox e Linear,
respectivamente. Apenas as variáveis com uma associação significante (p<0,05) nas análises
univariadas de ambas as regressões foram incluídas nos respectivos modelos multivariados
ajustados para o grupo tratamento. Para a comparação dos efeitos das modalidades de exercícios
pré e pós-intervenção, avaliamos os desfechos secundários: balance (Balance Evaluation
Systems Test - BESTest), função executiva (Bateria de Avaliação Frontal - BAF), mobilidade
funcional (Timed Up and Go Test - TUG) e domínios da qualidade de vida (Parkinson Disease
Questionnaire-39-PDQ39). As variáveis quantitativas foram expressas como mediana e intervalo
interquartil e as categóricas foram expressas como proporção. Foram utilizados os testes de
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Sinais Wilcoxon para comparações intragrupo e o Kruskal-Wallis para comparar os resultados
intergrupos das variáveis contínuas. Para as variáveis categóricas utilizamos o teste de Sinais de
Wilcoxon e o exato de Fisher para comparações intragrupo e intergrupos, respectivamente. O
nível de significância foi de 5%. Resultados: No artigo 1, o desfecho queda ocorreu em 19 (24%)
pacientes, com uma taxa de queda no G1 de 5,12 quedas/100 pacientes-mês, G2=5,48 e G3=4,26
(Mantel-Cox log-rank test p=0.910). Preditores de queda: duração da doença (HR=1,16 por ano,
95% CI=1,03-1,29) e força muscular em membros inferiores (melhora no Teste de Sentar e
Levantar, HR=1,14 por segundo, 95% CI=1,01-1,28), independentemente das mensurações
iniciais do balance. Preditores de qualidade de vida: gravidade da doença (efeito=-0,01 ponto na
Euroqol-5D por ponto acrescido na Unified Parkinson's Disease Rating Scale; 95% CI -0,01 a -
0,002) e performance de marcha (efeito=-0,03 ponto na Euroqol-5D por segundo acrescido no
TUGcognitivo; 95% CI -0,05 a -0,01). No artigo 2, G2 e G3 reduziram significantemente a
proporção de caidores para 26% (22% caidores únicos e 4% recorrentes; p=0,008) e 20% (12%
caidores únicos e 8% recorrentes; p=0,021), respectivamente, no seguimento de 6 meses. O G2
também reduziu significativamente o número de quedas em 60% (p=0,005) durante o follow-up.
Melhora no balance e na função executiva foram demonstradas no G1 e G3. O G3 melhorou
significativamente os domínios estigma e atividade de vida diária. Conclusões: Os três
exercícios não diferiram na proporção de caidores, no número e taxa de quedas, e na qualidade
de vida num período de seguimento de seis meses. Entretanto, nas análises intragrupos, os
grupos Bicicleta Estacionária e Exergaming reduziram a proporção de caidores no período do
follow-up, sendo que o grupo Bicicleta também reduziu o número de quedas. Quedas foram
associadas à maior duração da doença e à melhora da força de membros inferiores com
manutenção dos valores basais do balance. Melhor qualidade de vida foi associada à menor
gravidade da doença e melhor performance da marcha. Não houve diferença entre os grupos com
relação aos desfechos secundários. Entretanto, o grupo Exergaming mostrou efeitos mais
amplos, com resultados positivos na melhora do balance, da função executiva, da mobilidade
funcional e dos domínios estigma e atividade de vida diária da qualidade de vida. Exergaming
possui características de uma terapia multissensorial e multidimensional para prevenir quedas em
idosos com doença de Parkinson.
Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
1. Doença de Parkinson; 2. Idoso; 3. Terapia por Exposição à Realidade Virtual; 4. Equilíbrio Postural; 5.Quedas.
Banca examinadora: 
Jamary Oliveira Filho (Presidente/orientador) Adriana Saraiva Aragão dos Santos Guilherme Teixeira Valença Lorena Rosa Santos Almeida José Eduardo Pompeu
Ano de publicação: 
2019