LJM11, uma molécula presente na saliva de Lutzomyia longipalpis com potencial de proteção contra a infecção por Leishmania braziliensis associado a saliva de vetor - Dissertação de Mestrado 2015

Português, Brasil

As leishmanioses são causadas por protozoários do gênero Leishmania e são transmitidas por diferentes espécies de flebotomíneos. Diversos estudos têm demonstrado que a saliva de flebotomíneos, inoculada junto com o parasita no momento da transmissão, é composta por moléculas potencialmente imunomodulatórias que favorecem o estabelecimento da infecção. Apesar da gravidade dessa doença e da dificuldade na prevenção, ainda não existe vacina disponível para humanos. O objetivo deste estudo foi avaliar se a estratégia de imunização com a proteína recombinante LJM11, presente na saliva do flebótomo Lutzomyia longipalpis, é capaz de proteger camundongos BALB/c em um modelo de infecção experimental utilizando Leishmania braziliensis associada com SGS (sonicado de glândula salivar) do vetor Lutzomyia intermedia, transmissor natural da L. braziliensis, ou associado com SGS de Lu. longipalpis, vetor transmissor da Leishmania infantum. Camundongos BALB/c foram imunizados com a proteína LJM11 ou BSA (500 ng/animal) como grupo controle. Para avaliação da resposta imune pré-desafio, avaliamos a produção de anticorpos anti-LJM11 e a resposta imune celular no local da imunização. A imunização com a proteína LJM11 foi capaz de gerar uma resposta imune humoral com a indução da produção de IgG total, IgG1 e IgG2a anti-LJM11 e uma resposta inflamatória após 48 horas no local do desafio. Uma maior frequência de células TCD4+ expressando IFN-, foi detectada no infiltrado inflamatório nas orelhas dos animais imunizados com LJM11 quando comparados aos controles. Na avaliação da resposta imune pós-imunização também detectamos a produção de IL-10 após re-estimulação com LJM11 das células esplênicas dos animais imunizados com BSA, o que não foi observado no grupo imunizado com a LJM11. Após a última imunização, os camundongos foram infectados e a carga parasitária avaliada 2, 5 e 10 semanas após o desafio e o desenvolvimento da lesão acompanhado semanalmente. A imunização com a LJM11 resultou em redução significativa da lesão e na carga parasitária no grupo de animais desafiados com L. braziliensis associado ao SGS de Lu. longipalpis. No grupo infectado com L. braziliensis associada com SGS de Lu. intermedia, a imunização com a LJM11 conferiu proteção inicialmente, porém, não foi capaz de controlar a lesão a partir da oitava semana, onde podemos identificar a persistência do parasito na lesão. Entretanto, também observamos um controle transitório da carga parasitária e no desenvolvimento da lesão nos animais imunizados com BSA e desafiados com L. braziliensis associado ao SGS de Lu. longipalpis, sugerindo que a infecção por L. braziliensis na presença da saliva desta espécie de vetor favorece o estabelecimento inicial da infecção no hospedeiro. Na avaliação da resposta imune pós-desafio observamos inicialmente, após 48h, uma maior produção específica de IFN- por células do linfonodo somente dos animais imunizados com LJM11. Nos animais imunizados com BSA detectamos inicialmente a produção e IL-10 enquanto a produção de IFN- foi observada apenas duas semanas após a infecção. Na avaliação da expressão de IFN- por linfócitos TCD4+ observamos um aumento na frequência desta população de linfócitos nos grupos desafiados com L. braziliensis associado ao SGS de Lu. longipalpis comparado aos animais desafiados com L. braziliensis associado ao SGS de Lu. intermedia duas semanas após o desafio. Estes resultados sugerem que a imunização com LJM11 resulta em uma resposta protetora, com uma redução significativa da carga parasitária e no controle no desenvolvimento da lesão causada na infecção por L. braziliensis realizada na presença da saliva de Lu. longipalpis.

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
1. Leishmaniose Cutânea; 2. Leishmania braziliensis; 3. Vacina; 4. Proteína Salivar
Banca examinadora: 
Sara Timóteo Passos, Patrícia Sampaio Tavares Veras, Anderson Sá Nunes
Ano de publicação: 
2015