Evolução Clínica Da Disfunção Vesical Associada À Infecção Pelo Vírus Linfotrófico Humano Das Células T Do Adulto Tipo 1 - Resultados De Uma Coorte Prospectiva - Tese de Doutorado 2018

Português, Brasil
Introdução: O Vírus Linfotrófico Humano das Células T do Adulto tipo 1 (HTLV-1) é o agente etilológico do linfoma/leucemia das células T do adulto e da mielopatia/paraparesia espástica tropical (MAH/PET). Estima-se que ele infecte entre 10-20 milhões de indivíduos em todo o mundo. Previamente tido como de baixa morbidade, sabe-se que diversos sintomas neurológicos, articulares e urológicos são encontrados em indivíduos mesmo sem mielopatia estabelecida. Poucos estudos tem caracterizado o tipo de disfunção miccional, o comportamento no decorrer da infecção e a sua relação com as citocinas inflamatórias e com a carga proviral.
 
Objetivo: Avaliar a evolução clínica e funcional da disfunção vesical em pacientes com provável mielopatia associada ao HTLV-1/paraparesia espástica tropical e com mielopatia associada ao HTLV-1/paraparesia espastica tropical definida que apresentem queixas urinárias.
Método: Trata-se de um estudo de coorte com pacientes infectados pelo HTLV-1 e com sintomas miccionais que foram avaliados de abril de 2011 à novembro de 2018. O diagnóstico da infecção pelo vírus foi realizado pelo método de ELISA e confimado por Western Blot. Os pacientes classificados em 02 grupos de acordo com o comprometimento neurológico. Provável mielopatia associada ao HTLV-1 ou paraparesia espastica tropical (MAH/PET) e MAH/PET definida. Eles foram avaliados a cada 06 meses com o diário miccional, o escore de sintomas de bexiga hiperativa (OABSS) e o estudo urodinâmico (em pelo menos 02 intervalos diferentes de tempo). Os pacientes submetidos à tratamento cirurgico 18 tinha a qualidade de vida avaliada antes e após por meio do King´s Health Questionnary. A progressão da doença foi definida pela necessidade de tratamento adicional (fisioterapia, aplicação de toxina botulínica ou ampliação vesical), perda da complacência vesical (< 20cmH2O), aumento em 30% do OABSS, persistência de OABSS > 10 em 01 ano de terapia ótima ou necessidade de cateterismo intermitente limpo (CIL). A análise estatística foi realizada por meio do test T de Student para variáveis contínuas de comportamento normal e teste U de Mann-Whitney para variáveis de comportamento não normal. As variáveis categóricas.foram avaliadas por meio do chi quadrado. Regressão logítica foi realizada buscando identificar preditores de progressão clínica.
 
Resultados: Foram incluídos no estudo 175 pacientes com queixas urinárias, sendo 84 com mielopatia confirmada. A média e o desvio padrão da idade foi de 51.4 + 11.9 nos pacientes com provável MAH/PET e de 51.2 + 12.9 nos pacientes com MAH/PET definida. Não houve diferença entre os grupos no que diz respeito ao gênero, escolaridade, estado civil e tempo de acompanhamento. Na entrada do estudo, 93% dos pacientes apresentavam sintomas de bexiga hiperativa e não houve diferença estatística entre os grupos quanto à frequência de hiperatividade ao estudo urodinâmico, da produção de IFN - ϒ, IL-10, IL-5 e da carga proviral. A frequência urinária diurna, o número de episódios de noctúria, de urgência miccional, o OABSS e a frequência de CIL foi estatisticamente maior no grupo com MAH/PET definida (P < 0.05), assim como o a produção de IFN (P = 0,017). No decorrer do estudo, houve aumento da frequência urinária e dos episódos de noctúria em ambos os grupos, com diferença estatisticamente significativa. Por outro lado, observou-se aumento da frequência de CIL no grupo 19
com MAH/PET definida (P <0,002). As citocinas inflamatórias e a carga proviral não variou de forma estatísticamente significativa. A análise de regressão logística não documentou que a carga proviral e as citocinas inflamatórias eram preditores para progressão da disfunção urinária.
 
Conclusão: A disfunção veical associada ao HTLV-1 mostrou-se mais grave em pacientes com mielopatia definida, mas não observamos um padrão de evolução desta disfunção, podendo ocorrer em ambos os grupos diversas disfunções. A carga proviral e as citocinas inflamatórias não representaram fatores de risco para progressão clínica da doença.
 
 
Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
HTLV-1, bexiga hiperativa, bexiga neurogênica, disfunção do trato urinário inferior, carga proviral.
Banca examinadora: 
Prof. Dr. Edgar Carvalho, Doutor em Medicina e Saúde/UFBA, UFBA (Presidente/orientador); Prof. Dr. Jamary Oliveira Filho, Doutor em Neurologia - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, Professor Adjunto UFBA; Prof. Dr. Ubirajara de Oliveira Barroso Júnior, Doutor em Medicina (Urologia) - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - Professor Adjunto EBMSP, Livre Docente da UFBA; Prof. Dr. André Costa Matos, Doutor em Urologia UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, Médico DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF. EDGAR SANTOS - UFBA; Prof. Dr. Geraldo de Aguiar Cavalcanti, Doutor em Medicina (Urologia)/ UNIFESP, Professor Adjunto da UFPE;
Ano de publicação: 
2018