Manifestações clínicas e resposta imune em uma coorte de indivíduos infectados pelo HTLV-1 com alta carga proviral e sem evidência de mielopatia - Dissertação de Mestrado 2019

Português, Brasil

Introdução. A mielopatia associada ao vírus linfotrópico de células T humanas do tipo 1 (HTLV-1) (HAM/TSP) é a principal doença neurológica causada pelo HTLV-1, mas outras manifestações clínicas associadas ao vírus estão documentadas em mais de 50% dos indivíduos infectados. Uma alta carga proviral (CPV) é um importante fator de risco para HAM/TSP, mas há uma falta de estudos prospectivos avaliando se os portadores de HTLV-1 com alta carga proviral estão em risco de desenvolver HAM/TSP ou outras doenças relacionadas ao HTLV-1. Neste estudo comparamos a incidência de manifestações clínicas e as concentrações de citocinas nos indivíduos portadores de HTLV-1 com alta e baixa carga proviral. Métodos. Trata-se de um estudo de coorte no qual participaram do estudo 30 portadores de HTLV-1 com alta CPV (> 50000 cópias / 106 células) e igual número de sujeitos com CPV menor que 50000 cópias / 106 células, pareados por sexo e idade (± 5 anos). Eles foram seguidos por 2 a 16 anos (mediana de 11 anos). A CPV foi medida por PCR em tempo real e a produção de IFN-γ, TNF e IL-10 foi quantificado por Elisa em sobrenadantes de células mononucleares não estimuladas. Anormalidades no exame neurológico, desenvolvimento de HAM/TSP, disfunção urinária, doença periodontal, disfunção erétil e o aparecimento de síndrome seca foram registradas anualmente. Resultados. Entre os sintomas auto-reportados na avaliação inicial, apenas a presença de parestesias em mãos foi mais frequente no grupo de indivíduos com alta CPV quando comparados com o grupo controle (p 0,04). Durante o acompanhamento, não houve diferença na ocorrência de disfunção erétil ou urinária, doença periodontal, síndrome seca, sinais neurológicos entre os dois grupos e nenhum dos pacientes desenvolveu HAM/TSP. A produção de IFN-γ foi maior no grupo com alta CPV (mediana 1308 versus 686pg/ml, p <0,011) quando comparado ao grupo controle na primeira avaliação. Durante o seguimento houve uma diminuição na carga proviral apenas entre os casos. Conclusão. Indivíduos com alta carga proviral acompanhados por um longo período não progrediram para HAM/TSP, nem desenvolveram outras manifestações clínicas relacionadas ao HTVL-1, indicando que outros fatores além da carga proviral estão envolvidos na passagem de células infectadas pelo HTLV-1 do sangue para o sistema nervoso central.

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
mielopatia associada ao HTLV-1; HTLV-1; carga proviral; portadores de HTLV-1; mielopatia
Banca examinadora: 
Edgar Carvalho Davi Tanajura Costa Antonio de Souza Andrade Filho Maria Olívia Bacellar (Suplente)
Ano de publicação: 
2019