Manifestações neurológicas em indivíduos com HTLV-1: coorte de 8 anos - Tese de Doutorado 2013
Introdução: O vírus linfotrópico para células T humanas (HTLV-1) é o agente causal da mielopatia associada ao HTLV-1/ paraparesia espástica tropical (HAM/TSP), doença observada em cerca de 5% dos indivíduos infectados. Apesar da baixa prevalência, um grande número de indivíduos infectados pelo vírus que não preenchem critério para HAM/TSP apresentam queixas neurológicas relacionadas a manifestações urinárias, motoras e sensitivas. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte com 414 pacientes infectados pelo HTLV-1, em Salvador-Bahia. Os indivíduos do estudo foram avaliados anualmente e as taxas de incidência foram calculadas para cada variável do banco de dados. Resultados: Um total de 163 pacientes tinham diagnóstico de HAM/TSP, seja definido, possível ou provável, 251 indivíduos eram assintomáticos do ponto de vista neurológico. Este último grupo foi selecionado para análise de sobrevida. Acompanhamento de pelo menos três anos foi observado em 51% da amostra para a maioria das variáveis estudadas. A taxa de incidência expressada em 1000 pessoas/ano foi de 206 para parestesias em mãos, 186 para parestesias em pés, 129 para noctúria e 126 para urgência. No exame neurológico a taxa foi de 76 para aparecimento de hiperreflexia em membros inferiores, 52 para paraparesia, 36 para o sinal de Babinski. Com a escala de EDSS aplicada anualmente, observou-se uma incidência de 134 a cada 1000 pessoas/ano para piora de pelo menos 1 ponto na escala. As curvas de Kaplan Meier aplicadas de acordo com a piora de pelo menos 1 ponto no EDSS mostraram pior sobrevida com o sexo feminino e carga pro-viral maior que 100.000 cópias por 106 células mononucleares periféricas. Durante a coorte 5 indivíduos desenvolveram HAM/TSP definitivo. Conclusões: O desenvolvimento de sintomas neurológicos teve alta incidência durante o período de 8 anos. A incidência de bexiga hiperativa associada ao HTLV-1 foi de 19% e a de HAM/TSP de 1,47%.