Introdução: A doença de Chagas é uma causa importante de insuficiência cardíaca (IC) e acidente vascular cerebral, afetando mais de seis milhões de pessoas no mundo. Sinais transitórios de alta intensidade (HITS) são detectados no Doppler Transcraniano (TCD) em pacientes com doença de Chagas, mas o efeito do tratamento antitrombótico em HITS é desconhecido.

Objetivo: Avaliar o papel dos SME cerebral como marcador de risco e como desfecho substitutivo em pacientes com IC de etiologia chagásica.

Métodos: Ensaio clínico piloto prospectivo, randomizado, aberto e cego (PROBE), onde pacientes com Chagas e SME foram randomizados 2:1 para uso do AAS 300 mg por sete dias e tratamento padrão para IC ou tratamento padrão para IC sozinho (grupo controle). O desfecho primário foi a proporção de SME após uma semana, analisada usando o teste qui-quadrado.

Resultados: 373 pacientes com IC foram avaliados, SME ocorreram em 22/190 (12%) pacientes chagásicos e em 16/183 (8%) pacientes não chagásicos (p=0,531). Doze dos 22 (54%) pacientes chagásicos foram randomizados para tratamento com AAS (n = 8) ou sem AAS (n = 4). Dois pacientes no grupo controle (50%) persistiram com SME após 7

dias de tratamento, em comparação a nenhum, no grupo AAS, p=0,028. A mediana do número de SME diminuiu de 3,5 para 0 com AAS (p=0,012) e 4,0 para 0,5 no grupo controle (p=0,095), sem diferença significativa entre os grupos (p=0,262). Nenhum evento adverso foi relatado. Conclusão: Neste ensaio clínico piloto, o AAS reduziu a proporção de SME em pacientes com IC da doença de Chagas.