Preditores de óbito na Unidade de Terapia Intensiva Neurológica: o papel da escala FOUR - Dissertação de Mestrado 2012

Português, Brasil

Objetivo: Neste estudo, visamos avaliar o desempenho da escala Full Outline Unresponsiveness (FOUR) para prever a ocorrência de óbito em duas unidades de terapia intensiva neurológica (UTIN). Introdução: Historicamente, a morbi-mortalidade do paciente acometido por diversas doenças neurológicas tem melhorado consideravelmente. Um dos fatores aventados para esta melhoria tem sido a criação de UTIN. Em uma UTI geral, a heterogeneidade de diagnósticos entre unidades criou a necessidade de escalas de prognóstico capazes de comparar a evolução de pacientes em diferentes ambientes. Exemplos dessas escalas são o Acute Physiology and Chronic Health Evaluation-II (APACHE II), SAPS e outras que quando aplicadas a pacientes neurológicos demonstram um desempenho ruim na previsão de mortalidade e desfecho funcional. Nesse estudo, visamos avaliar o desempenho da escala FOUR para prever a ocorrência de óbito em duas UTIN. Métodos: Coleta prospectiva através de uma ficha clínica contendo variáveis de prognóstico em UTIN, como dados pessoais, diagnóstico, neuroimagem, fisiologia da admissão e evolução clínica nas primeiras 24 horas. As seguintes escalas foram aplicadas: escala de coma de Glasgow, FOUR e APACHE II. Níveis da escala FOUR foram construídos em uma população (Hospital Espanhol/Salvador) para prever a ocorrência de óbito e validadas em uma segunda população independente (Copa D’Or/Rio de Janeiro). A análise multivariável foi realizada por regressão logística. Resultados: Entre junho de 2009 a junho de 2010, 385 pacientes foram admitidos na UTIN em Salvador e 60 no Rio de Janeiro. Estiveram associadas à ocorrência de óbito na análise univariada (P<0,05): idade, Glasgow, FOUR, APACHE, NIHSS, mRI admissão, glicemia admissão, desvio do septo pelúcido, hemoglobina, hematócrito, leucometria, frequência cardíaca, FiO2, pCO2, uréia sérica, creatinina sérica, PPC admissão, PAS máxima (24h), PAD mínima (24h) e, glicemia máxima, média e mínima (24h). Na análise multivariada, foi preditor de óbito somente a pontuação na escala FOUR. Quando estratificada em 4 níveis, a escala FOUR esteve associada à ocorrência de óbito independente da pontuação do APACHE, Glasgow, idade ou variação da pressão arterial (OR = 0,37 para cada redução de nível; IC 95% = 0,144 – 0,95; P = 0,039). Esta estratificação em 4 níveis previu a ocorrência de óbito com 81,6% de acurácia na UTIN de Salvador e 77,5% de acurácia na UTIN do Rio de Janeiro. Conclusão: A escala FOUR é um bom preditor de sobrevida dos pacientes admitidos na UTIN, de forma independente e superior a outras escalas comumente utilizadas.

Docente Orientador: 
Palavras-chave: 
1. Neurologia. 2. Mortalidade Hospitalar. 3. UTI. 4. Escala FOUR.
Banca examinadora: 
Paulo Novis Rocha, André Luís Muniz Alves dos Santos, Pedro Antônio Pereira de Jesus
Ano de publicação: 
2012